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Rua Oscar Freire

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Um boulevard para a Rua Oscar Freire, será a recuperação de uma cultura perdida no crescimento rápido de uma megalópole.

Um passeio livre de obstáculos, limpo, liso, sem ressaltos, sem desenhos decorativos, minimalista, onde o pedestre caminha sem sobressaltos em um piso com detalhes bem construídos, que seja uma referência neutra que valorize as arquiteturas e as vitrines, um suporte em que seu valor estético resida na visualização de uma unidade para toda a rua.

O verde, este sim com ritmo seriado, marcante, dando as necessárias condições climáticas e ambientais de sombra, cor, acentuando também o valor da unidade totalizadora. A iluminação que estabelece uma ambiência única a este cenário. Espaços em que o estar não interrompa o “flâner”. Por fim, um valor cultural inequívoco para São Paulo.


Reading urbanística

Esta área definida foi consolidada históricamente pela hierarquia assumida pelas Avenidas Nove de Julho, Rebouças, Estados Unidos e Paulista. Dentro deste quadrilátero se detectam 3 centralidades urbanas com características próprias:

Centralidade Alameda Santos – hotelaria internacional e residências;

Centralidade Rua Augusta – histórico comercial que remonta aos anos 50 e que hoje sofre um abandono gerado principalmente pelo excesso de trânsito e falta de conservação e renovação do ambiente urbano em geral;

Centralidade Oscar Freire – lojas de grife internacional e de arquiteturas de qualidade inigualável.

Com respeito a infra-estrutura, à rede elétrica, TV a cabo e telefonia, redes aéreas, cabos e transformadores, estão implantadas sobre 40 postes de concreto, considerados apenas os cinco quarteirões da rua Oscar Freire; este conjunto efetivamente diminui 30% a passagem livre dos passeios.

A arborização urbana existente, se encontra mutilada e em más condições fito-sanitárias; esta arborização perdeu seu valor estético de coloração , forma e sombreamento apropriado e uniforme, que seria o ideal para área.

Com respeito às pavimentações existentes a situação é grave e não nos permite sequer pensar em recuperação; os pavimentos tem ressaltos, declividades, tampas de bueiros totalmente fora dos padrões de segurança, não há acesso aos deficientes, etc. e fundamentalmente, uma estética inadequada para a área.

No fim, pelos levantamentos realizados percebe-se a falta de equipamentos urbanos como bancos, lixeiras e comunicação visual apropriada para o público usuário.


Conceitos gerais

A centralidade urbana estabelecida na rua Oscar Freire deve ser tratada com a responsabilidade da importância de um território que gera riqueza, já consolidada historicamente como área comercial, e que precisa melhorar seu suporte físico com o único fim de persistir em sua vocação.

A idéia é fazer um projeto integrado que otimize os usos sob a mira de um desenvolvimento em proveito de uma economia municipal, considerando os comerciantes e habitantes como parceiros responsáveis e não apenas como beneficiários.

As atividades que determinam a vida urbana e os espaços que as acolhem devem estabelecer entre si relações de compromisso e aliança; quando harmoniosas e equilibradas essas relações irão gerar naturalmente o que podemos conceituar de vitalidade urbana, a matéria prima da urbanidade.


1. Suporte urbano

O piso será concebido como suporte-referência, através de uma solução construtiva de pavimentação monomatérica e monocromática, sem desenhos decorativos, oferecendo a resistência mecânica adequada ao trânsito de pedestres, ao acesso de veículos aos estacionamentos; e visando sempre um baixo custo de manutenção e simplicidade na eventual substituição.

Estabelecer uma referência neutra que tenha por objetivo final a valorização das arquiteturas das lojas e suas vitrines.
Próximos às esquinas propomos passeios mais largos mais adequados para a ocupação de mobiliário móvel que não interrompa do fluxo de pedestres, garantindo desta forma um maior conforto.

A simetria da solução proposta em todas as quadras, tem por objetivo dar as mesmas condições a todos os proprietários, facilitando também com isso uma eventual futura reversão da solução adotada.
A pavimentação geral obedecerá as exigências já padronizadas, para atender os deficientes físicos e visuais.


2. Definição de uma ambiência, cor, sombra, clima

Como se trata de um setor urbano onde o andar a pé é uma condição básica, o verde proposto será sempre aéreo descartando de vez todo tipo de jardineiras. A nova arborização será localizada sempre recuada das fachadas, assegurando a visualização da identificação das lojas, minimizando a radiação direta sobre o solo pavimentado e melhorando o conforto ambiental.

A espécie selecionada será o Ipê Roxo nativo do Brasil, com copa pouco densa, para não fechar os visuais das lojas, e de floração marcante que criam em uma época do ano uma identidade inequívoca para São Paulo.


3. Mobiliário urbano e iluminação pública

O mobiliário urbano compreende bancos, quiosques, lixeiras e outros elementos que complementem o uso adequado do espaço público.

No caso específico dos quiosques de revistas existentes, nossa proposta, respeitando a permanência deles na rua, indicará apenas alguns remanejamentos de suas localizações com o intuito de conciliá-las ao fluxo de pedestres.

Os postes semafóricos, além de sua função, servirão como suporte para todas as indicações de trânsito de veículos, pedestres, etc, procurando, ao máximo, reduzir o número de postes e, conseqüentemente, a poluição visual.

Nas esquinas das ruas transversais com a Rua Oscar Freire propomos ainda a instalação de painéis digitais como suporte publicitário e informativo.

Propomos uma iluminação e luminárias que estabeleçam “ambientes”, criando condições adequadas de iluminação para os pedestres e automóveis, com o intuito de valorizar a iluminação própria das vitrines e criando uma atmosfera apropriada para o passeio.


4. Sistema subterrâneo de redes e cabos

Para garantir todos os conceitos colocados aqui é imprescindível a substituição do sistema de postes e redes aéreas para subterrâneas. Além disso, esse sistema é muito mais seguro e de tecnologia mais avançada para o caso de queda de tensão ou cortes de energia.

Ainda será previsto nas tubulações subterrâneas, espaço livre para outras futuras conexões e também novas redes de modo a ser evitado que o pavimento sofra constantes reparos.

Local:
São Paulo, SP

Data:
2002

Cliente:
Associação de Lojistas / Prefeitura Municipal de São Paulo

Área de intervenção:
13.000 m²

Arquitetura e Urbanismo:
VIGLIECCA&ASSOC
Hector Vigliecca, Luciene Quel, Ronald Werner Fiedler, Neli Shimizu, Ruben Otero, Lílian Hun, Ana Carolina Penna, Thaísa Froés, Paula Bartorelli, Fábio Galvão, Paulo Serra, Luci Maie, Rosângela Maltese

Trânsito e transporte:
Neuton Karasawa

Arborização urbana:
Rodolfo Gaiser, Christina Ribeiro

Colaboradores:
Mônica Brooke, Mario Echigo

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